Em Degola, Monique Malcher encontra a justa medida entre a ternura e a violência para contar a história de Sol, cuja infância numa ocupação de terra em Manaus traz memórias que evidenciam a diferença entre o sofrimento intrínseco à condição humana e aquele erigido no barro da injustiça social. A Zona Franca de Manaus atraiu para o Amazonas milhares de migrantes em busca de uma vida melhor. Era símbolo do progresso. Sem recursos, a família de Sol, protagonista de Degola, vai morar em uma ocupação. Quando chovia, tudo virava barro, e era com ele que Sol modelava pequenas criaturas que depois esmagava. Era gostoso destruir o que ela mesma havia criado. As galinhas ficavam em redor dela, estranhando a menina, temerosas. Aquele lugar tinha mesmo fama de perigoso. A vida de todos e de tudo - humanos, animais, plantas, solo, água e ar - era violentada. Já adulta, Sol sabia que precisava desfazer, ao menos em parte, o que dela foi feito quando criança. Aprender a nadar se torna o caminho para essa transformação. Um rito de passagem, que a autora descreve com beleza e originalidade magníficas. Degola é um delicado exercício de imaginação e de linguagem. A precisão e a incisividade da poesia se combinam com a complexidade narrativa do romance. O resultado é um pequeno milagre da escrita.
- Título: Degola
- Autor/a: MALCHER, MONIQUE
- Marca: Companhia das Letras
- Área: Literatura brasileira
- Idioma: PORTUGUÊS
- Nº de páginas: 176
- Ano: 2025
- Peso: 0.257
- Encadernação: Livro brochura (paperback)
- Formato: 21 x 14 x 1
- ISBN: 9788535940572